Pasma o homem, ao ver tanta grandeza
Que meu braço derrama copioso;
Quando surjo no carro luminoso,
Surge em alegre festa a natureza.

Aqui atiro vida, ali beleza:
Dos bosques o cantor harmonioso,
A minha voz, desperta pressuroso:
- Eu sou o dia, a luz, a fortaleza.

Levo-te, pois, vantagem, noite escura:
Das estrelas a fraca luz sombria
Quase a perdes dos céus na imensa altura.

Falava e a noite assim lhe respondia:
- Mas como eu tu não tens tanta doçura,
Tanto sossego e paz, altivo dia.

 

Eduardo Chaves