Há um conflito nas datas de fundação do jornal Eco do Sul, já que Ari Martins mostra que o jornal teria sido fundado em 12 de fevereiro de 1857 por Pedro Bernardino de Moura na cidade de Jaguarão, sendo transferido em 10 de outubro para a cidade de Rio Grande. Já Fortunato Pimentel, em seu Aspectos gerais do município de Rio Grande, afirma que o jornal teria sido fundado em 1854. Francisco Rüdiger indica a fundação em Jaguarão ora em 1856 (p. 43), ora em 1857 (p. 30). Abeillard Barreto, em artigo de 1935, data a fundação em 10 de outubro de 1858. O historiador Francisco das Neves Alves (2001, 2005) define o ano de 1858 como sendo o de fundação do Eco do Sul.

Se considerada a numeração do jornal, a data de fundação provável seria no início de 1856, pois o exemplar de 15 de agosto de 1857 - o mais antigo que se tem conhecimento - aparece como sendo o segundo ano de publicação. Entretanto, esse critério não é rigoroso, pois há vários erros nessa indicação ao longo do jornal. Outro dado que corrobora para essa data é fim do jornal O Carijó, editado por Pedro Bernardino de Moura, ter sido no final de 1854.

A nota publicada em 5 de novembro de 1859, que comemora o segundo ano de publicação do jornal na cidade rio-grandina, e a existência de dois exemplares de 1858 - 07 fev. (ainda em Jaguarão) e de 30 dez. (já em Rio Grande) - confirmam a transferência de cidade no final de 1858.

Também há dúvidas na data de término do jornal, já que vários autores indicam o ano de 1934 como o último do jornal, baseados principalmente no acervo existente na Biblioteca Rio-Grandense e em depoimentos da época, como Barreto (1935), que relata a sua interrupção em 1934. A existência de um jornal datado de 1937, edição comemorativa aos 200 anos da cidade de Rio Grande, deixa dúvidas sobre um possível retorno do jornal, em data incerta. Rüdiger (2003, p. 56) afirma que, em 1937, o recém-proclamado Estado Novo determinou, através de ato oficial, o fechamento de diversos jornais, entre eles do rio-grandino Eco do Sul e do porto-alegrense A Federação.

Além de Pedro Bernardino de Moura, o jornal teve outros diversos redatores: Carlos Eugênio Fontoura (1858), Carlos von Koseritz (1862-64), Lobo da Costa (1872-1873), Bernardino Antônio de Gouveia Pacheco (1874), Manuel Bernardino Mello Guimarães (1874-1879), Carlos Miller (1884-1885), Rocha Galo (1889-90), João José César (1890-1892), Alfredo Rodrigues de Oliveira (1893), Armando Passos Paradeda (1923-1925), Frederico Carlos de Andrade (1925) e Roque Aita Júnior (1931). Também houve outros proprietários, como Tomás de Melo Guimarães (1880-1890) e Alfredo Rodrigues de Oliveira (1890-1934).

Também houve uma constante mudança na localização do escritório e tipografia do jornal: entre 1859 e 1862, ficava na rua da Praia, 135 (nome, entre 1829 e 1865, para a atual Floriano Peixoto) e, em 1874, o jornal estava sendo editado no número 74 da mesma rua, agora denominada D. Pedro II (nome dado em 1865). Em 23 de junho de 1875, mudou-se para a rua General Osório (nome atual, desde 1865), número 7 e 9; finalmente em 1889, a tipografia volta para a rua D. Pedro II, agora no número 82.

Francisco das Neves Alves mostra que, “desde os primeiros tempos, o jornal filiou-se à causa do Partido Conservador, vinculação que se tornou ainda mais direta a partir da década de oitenta, quando o jornal transformou-se num ‘órgão partidário’” (2001, p. 103).

 

A importância de Eco do Sul - editado principalmente no formato standard - na cultura da cidade de Rio Grande e região pode ser exemplificada pela estreita relação entre o jornal e o autor pelotense Lobo da Costa, que publicou seu primeiro poema em 1865, com apenas 12 anos de idade no jornal e manteve esse contato por cerca de dez anos. Lobo da Costa, com o romance Espinhos d'alma em 1872, foi um dos que publicaram livros através da gráfica do jornal na cidade de Rio Grande.

A Biblioteca Rio-Grandense, localizada na cidade do Rio Grande (RS), tem a coleção praticamente completa do jornal, com alguns números - nos primeiros anos de publicação - ausentes e outros recortados devido aos textos publicados ao estilo folhetim. Após o ano de 1874, a coleção encontra-se integral, excetuando-se algumas poucas páginas danificadas, mas que podem ser catalogadas para o presente estudo.

Nos textos já recolhidos, há um predomínio do estilo romântico, obedecendo aos padrões literários da época pesquisada no contexto do estado. Já se percebe, no entanto, uma mudança para uma tendência realista nos textos recolhidos entre os anos de 1881 a 1885. A etapa atual do projete visa a realizar os índices dos jornais dos últimos anos do Império.

Há também um predomínio na publicação de poemas e contos de autores locais, muitos dos quais não se obteve ainda muitos dados biográficos.

Os folhetins - gênero dominante no Brasil em toda a segunda metade do século XIX - publicados no jornal são todos de autores estrangeiros (geralmente franceses) que também eram conhecidos no centro do país. Por esse motivo, não houve nenhuma transcrição desses textos em prosa, resumindo-se a registrá-los nos índices.

Ainda não foi encontrado nenhum caso de texto teatral, embora seja constante a presença de notas críticas sobre as apresentações teatrais realizadas em Rio Grande, que vivia então seu apogeu econômico e cultural.